Fórum Virtual da Disciplina Configurações das Práticas de Poder na Saúde.

[Admin]

Prezados alunos,

Gostaríamos que com base no vídeo e no texto "Sujeito e agência no pensamento de Judith Butler", os quais os links encontram-se abaixo, nós refletíssemos sobre 3 perguntas a seguir:

1) Como os discursos influenciam o que vemos, pensamos e o que fazemos?

2) Como "o Discurso" circula como um discurso de poder?

3) Como esse discurso pode ser tanto libertador quanto subjugante?

Sujeito e agência no pensamento de Judith Butler

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[Carla Arcebispo]

Olá professoras e colegas, tudo bem! O meu cadastro no fórum foi efetivado. Abraços, Carla.

[Admin]

Boa tarde, alunos!
Estamos aguardando as contribuições para discutirmos as perguntas do Fórum! Qualquer duvida, avisem!

[Tauana Mattar]

Boa tarde!

Segue a minha contribuição para o nosso Fórum...

A leitura do texto proposto auxilia bastante na compreensão do conteúdo do vídeo! Muito bom!

De acordo com o material de Judith Butler, fica claro que o desejo é a força propulsora que gera a possibilidade de resistência ao poder. O poder se manifesta por meio do discurso e a resistência utiliza deste mesmo método para também se manifestar.

As normas de uma sociedade estão presentes na vida cotidiana das pessoas e se revelam por este discurso, influenciando diretamente o modo como vemos certas situações, enxergamos fatos e como agimos.

Para mim, ficou claro que o “diferente” possui o mesmo significado do “normal”, porque o sentido da diferença e da normalidade dependente do referencial de quem observa e julga.

A teoria social de Butler está fundamentada nas relações de poder de Foucault e na teoria da linguagem, pois para ela, o discurso é a maneira que os grupos minoritários se mostram visíveis e sujeitos que compõem uma sociedade na maioria das vezes hegemônica. O desejo de inserção social de um grupo minoritário, como os cadeirantes, por exemplo, é que provoca uma performance de novos modelos no interior de uma ordem social que marginaliza o diferente, ou melhor dizendo, os especiais.

O material aborda o fato de que “nenhum indivíduo torna-se sujeito sem antes ter sido sujeitado ou passado por um processo de subjetivação”, dessa forma, o discurso como revelação do poder pode ter uma significação contraditória. Para Butler, o sujeito é constituído pelo poder e usa deste mesmo poder que te constitui para sobreviver no contexto em que está inserido.

[Fernanda Elisa]

Boa tarde,

Seguem minhas considerações sobre o Forum.

Gostei muito da relação entre o individuo e o desejo exposta por Butlher, assim como a Tauana acho que o vídeo e o texto se complementam. Para Judith o sujeito não é nem soberano e nem individualista, ainda que tenhamos nascido em mundo com várias delimitações e limitações, sejam elas físicas ou sociais, é o desejo o propulsor da reorganização do espaço do sujeito. Dessa forma o discurso torna-se mutável por meio dos questionamentos e da nova forma de pensar e agir no mundo.
Com isso o discurso possibilita o empoderamento do individuo em um contexto social que é mutável por meio da linguística ao criar espaço para o homossexual, deficiente físico, a mulher e o negro defenderem seus direitos no espaço. Entendi que é nesse espaço que ocorre a ambiguidade do individuo ao usar o poder (desejo) e ser constituído por esse poder. Tomamos como exemplo o homossexual, nesse caso o desejo questionou a tendência social em que um casal é constituído apenas por Homem e Mulher ao questionar um modelo previamente esperado.
O sujeito poderá ter seu discurso influenciado pela ideologia dominante na sociedade, fica nítido o exposto no texto  “o sujeito não é uma construção totalmente livre e soberana nem uma determinação fixa”. Com isso ele sofre influencias do modelo social vigente, mas o desejo é o elemento chave para resistência dos padrões sociais, políticos, culturais e religiosos impostos.

[elainearaujos]

Boa tarde turma!

Muito bom o vídeo e o texto e de fato eles se complementam. Interessante notar que, para Butler, os sujeitos possuem uma dependência dos discursos que os formam desde a infância, e esse discurso é a forma de poder que propaga os conceitos de "vida" ou "mundo" que a sociedade tem. Assim somos submissos a ele (discurso), mexendo com a psique do indivíduo. Ela acredita que para Foucault, o poder advém de regimes disciplinares e a resistência imposta ao discurso, não interferindo na psique do indivíduo.

O discurso em ambos é a forma de se posicionar em um contexto e assim torna-se mutável, oscilando o poder. Para Butler, é nesse momento que o sujeito se ressignifica, como exemplo, vimos no vídeo a forma como a sociedade vê um deficiente e a resistência de um deficiente aos moldes apregoados pelo discurso que domina toda uma sociedade. Dessa forma, os grupos minoritários utilizam dessa resistência (agência) sem desfazer das estruturas de poder mas dando uma nova conotação de outras construções da subjetividade de cada um.

Podemos comparar essa oscilação do poder a um metrônomo de forma pendular. A haste é presa a um braço fixo comparado ao poder disciplinar de Foucault, a outra extremidade pende de um lado a outro e muda de direção conforme a resistência vence. Essa resistência pode ser comparado ao discurso ora dos argumentos da sociedade e ora da minoria ou de alguém que vai contra aos argumentos impostos. Ninguém é dono da verdade e o poder não predomina o tempo todo de um único lado. Assim são as relações de poder, oscilam como um pêndulo.

[Fernanda Elisa]

Olá Elaine! Gostei da comparação com o pêndulo! Dessa forma acredito que os discursos irão oscilar de acordo com a o interesse da sociedade ou com a subjetividade do individuo no contexto em que se insere.

[Diene Inês]

Bom dia, gente!

Excelente o vídeo e texto de Judith Butler, demonstrando que o sujeito trabalha como uma categoria linguística em processo constante de construção dentro das relações de poder. Como sujeitos, somos dependentes dos discursos que nos formam. Como é estranho escutar de uma cadeirante que ela sai para caminhar todo dia, não é mesmo? Porque somos ordenados para "acreditar" que caminhar significa dar um passo após o outro com os próprios pés... Enquanto que para muitos significa se locomover de um local para outro, não importa por qual meio... Isso faz o sujeito: a relação de poder que ele se propõe diante da sua experiência e da sua prática, refazendo muitas vezes significados mistos, não entendidos pela sociedade.

[Ana Carolina]

Boa noite!!

Muito interessante a relação entre o vídeo e o artigo.

Para Judith Butler, o sujeito está sempre em processo de construção no interior das relações de poder. Mas dentro dessas relações, existe a agência, definida pela autora, como uma estratégia de resistência aos mandatos sociais que o limitam. Assim, o sujeito social em interação com a sociedade tem sua porção livre e sua porção socialmente construído e limitado.

Um fato que me chamou a atenção no vídeo, foi a cadeirante relatar que mudou para San Francisco devido a melhor condição física da cidade para os deficientes físicos. Além disso, a mesma acrescenta que esse fato favorece a maior aceitabilidade social dos cadeirantes, uma vez que ocorre uma maior interação entre os sujeitos considerados “normais” com os sujeitos considerados “diferentes”. Dentro deste contexto me questiono sobre, as relações entre os sujeitos em pleno século XXI.

[Diene Inês]

É verdade Ana Carolina, ela mudou-se para São Francisco por ser uma cidade mais acessível. É o estado exercendo o poder sobre a vida do indivíduo de tal forma que ela teve de modificar seu local de moradia...
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[yarinhacs@hotmail.com]

Os estudos de Judith Butler estão voltados para os fenômenos da sociedade das relações em especial para as relações de gênero. Para a autora o discurso produz e alimenta o que é normal, aceito pela sociedade, isso leva à manutenção da tal ordem compulsória. Butler corroborar com a análise de Foucault, mas acrescenta a psique do indivíduo, pois o poder assume uma forma psíquica que constitui a nossa identidade de sujeito.
O discurso é constitutivo, produtivo e performativo de subjetividades generalizadas e de práticas sociais. Devido a liberdade podemos nos posicionar quanto aos discursos, este discurso pode sobre alterações ao longo do tempo e isso faz como que altere as relações de poder. O falante do discurso de ódio, do socialmente determinado, do que tange o sexo, a religião, politica, a sexual, o gênero, a deficiência física, etc., pode até não estar plenamente consciente do que diz, mas é responsável pelo que discursa. No entanto, a reiteração de norma estabelecida pela sociedade não o determinam completamente, esta incompletude possibilita que os grupos desfavorecidos e descriminados resistam ao mesmo poder do qual é constituído e assim produza novos efeitos. Esta potência, capacidade de ação é determinada por Butler de agencia. O grande motor da agência é o desejo, devido ao seu caráter impulsar da mudança e fazer circular estas relações de poder.

[Aline Kallás]

Pessoal, boa tarde!

O vídeo “Examined life” e o artigo ”Sujeito e agência no pensamento de Judith Butler" abordam a temática do discurso, das relações de poder com muita propriedade, proporcionando uma profunda reflexão.  Vivemos numa sociedade onde os discursos, as relações de poder, o universo de normas, condutas e comportamentos pré-estabelecidos influenciam na formação identitária dos sujeitos. Estes atuam como uma categoria linguística que está sempre em processo de transformação no interior das relações de poder.  Em relação ao discurso, esse pode circular como um discurso de poder quando nos forma, controla as nossas ações e constitui a nossa identidade de sujeito. Tanto para Foucault quanto para Butler, o sujeito encontra as suas próprias possibilidades de subjetivação, construindo estratégias de resistência ou de desobediência aos mandatos sociais que o limitam. A deficiência ela é uma condição que socialmente para muitos, pode levar a uma limitação não apenas física, mas também social. O fato de Sunaura ter se mudado de Brooklin para São Francisco, demonstra uma atitude de busca à acessibilidade física e social, assim podendo ser uma estratégia de resistência aos discursos que são comumente difundidos socialmente sobre a ausência de liberdade e de independência de um deficiente. O estilo de vida de Sunaura representa uma possibilidade de liberdade, de resistência a uma condição de vida limitada que comumente acredita-se fazer parte do cotidiano de um deficiente. Essa resistência, podendo ser definida agência, tem o desejo como um aspecto fundamental por possibilitar uma reflexão que consequentemente, desencadeará a superação de limites. É, então, na resistência que ocorrem os processos de transformação social e cultural.

[Antonio Moacir]

Bom dia.
Caríssimos colegas, vejo que as discussões estão produzindo conhecimento e isso é muito produtivo.
Só hoje consegui acessar o Fórum e estou achando ótimo. Não tenho muito costume com esse tipo de atividade, não fazemos isso na graduação, o que é uma pena.
Comecei a ler o texto, assisti ao vídeo e lí todos os comentários de vocês, como já disse achei ótimo, muito bom mesmo. Vejo como amadurecimento intelectual a explanação das ideias de vocês e a forma como costuram o texto e o vídeo.
Quero lançar aqui uma polêmica, se me é permitido.

[Antonio Moacir]

Quando comentam e vejo que um iniciou e outros concordam, sobre o fato da cadeirante mudar de cidade e isso ser positivo, uma forma de resistência?
Será que aqui a psiquê interfere e o discurso de um influencia o de outros? Será que conseguimos visualizar na prática desse Fórum o que o texto está a nos dizer?
Estou viajando, né?
Mas, é isso mesmo.
E até aqui não há polêmica. Então vamos a ela.
Quando a cadeirante muda de cidade, será que ela não deixa de usar a resistência?
Pensem nisso, vamos discutindo...

[Antonio Moacir]

Achei o vídeo muito oportuno e senti falta de uma discussão que se segue:
Quando ela diz que fazer algo com uma parte do corpo pode nos parecer estranho "padrões normalizadores dos nossos movimentos, desconforto em fazer algo com partes do corpo que necessariamente não teria essa função" ela se refere ao fato de ter que carregar o copo com a boca. O que nós pensaríamos se estivéssemos ao lado dela?
Certamente todos nós já evidenciamos uma situação em que uma pessoa sai de algum estabelecimento e vai entrar em seu carro, a pessoa está cheia de objetos (ex. livros) nas mãos e tomava um café, para entrar no carro precisa pegar as chaves em seu bolso. O que ela faz? Segura o copo com a boca, certo? Quem já fez isso ou viu essa situação?
Qual o seu pensamento sobre essa cena? E qual a sua reação sobre a cena da Judith?
Aqui quero iniciar uma discussão sobre o que ela chama de "A deficiência é a repressão das pessoas com deficiência...uma Organização social da lesão" O que pensam sobre isso e o que Foucault diz???
Abraços

[Carolina Caram]

Vi o vídeo, li o texto e os comentários dos colegas e me lembrei dessa propaganda. Talvez eu já até tenha comentado sobre isso durante as aulas...

Esse vídeo mostra os discursos construídos socialmente sobre o papel e o lugar da mulher na sociedade. Não que eu ache que esse vídeo mostre a realidade, pois eu não acredito. Mas, não vem ao caso.

A voz que narra o vídeo é de um homem, expressando exatamente uma frase que encontramos no final do texto, é ela: "modelo do pensamento positivista, centrado na existência de um sujeito universal, branco, masculino e heterossexual". E, o vídeo tenta mostrar o rompimento e o movimento que a mulher tem feito, ao longo do tempo, para desconstruir e ressignificar um discurso tão "legítimo" construindo pelas constantes socializações.

Isso me lembra do panóptico relacionado a como a sociedade se comportante, o qual fundamenta a inclusão das mulheres a um modo de ser legitimado por um discurso: "bela, recatada e do lar", o qual é vigiado e observado constantemente pela sociedade, acorrentando a mulher naquilo que eles esperam que elas sejam.  

Mas, em algum momento da história, as mulheres, pelo desejo (consciência reflexiva) romperam/subverteram com a ordem social hegemônica e saíram do lar, foram trabalhar, entraram nas universidades e escolhem, hoje, o seu destino. Claro que isso não acaba em si mesmo, sendo essa característica performativa do sujeito. As mulheres, diante do poder que as constituíram, encontraram nele mesmo, uma forma de construir sua subjetividade a partir da resistência (agência) e vem construindo uma nova história.

Não sei se viajei muito, rs! Mas, foi isso que veio a minha cabeça enquanto eu lia tudo que foi posto...

[Antonio Moacir]

Boa tarde.
Carolina, muito propícia a sua reflexão.
Acha isso viagem?
Aqui no Campus JK em Diamantina, na hora do almoço, passei por 3 funcionários, uma mulher e dois homens e eles conversavam sobre uma pessoa deficiente, uma mulher amiga deles. O discurso da mulher que falava aos amigos era que " ah! se ela não fosse deficiente ele não teria conseguido aparecer na sociedade. As pessoas acham ruim ser deficiente, mas ela não seria nada se não tivesse problema"
Lógico que há de se reconhecer quando alguém ao invés de ficar murmurando pela deficiência, vai a luta e se encontra na sociedade, mas o que acham desse discurso? Fiquei pensando o que Foucault diria???

[Wesley Alves Borges]

Interessante sua reflexão Antônio e acredito que não é tão simples assim... Ser deficiente,ir a luta e se encontrar na sociedade.A pessoa com deficiência pode possuir conhecimento, se posicionar frente as diversos problemas do cotidiano porém, "carrega o peso" de ser deficiente e isso é cultural.Ao longo da estória a idéia de deficiência vêm atrelada a incapacidade,invalidez,improdutividade,dentre outras.Isso permeia até hoje na nossa sociedade e mesmo que de maneira sútil, algumas pessoas possuem dificuldade de lidar com pessoas com deficiência e quando esse deficiente se posiciona, tem opiniões ,faz questionamentos e não aceita imposições é visto como problema porque acredito que não é aceitável que esse deficiente adquira um "Poder" com o enfrentamento dos problemas no qual ele possa estar inserido pois, afinal ele é! "incapaz".Quando isso se torna mais evidente num contexto profissional por exemplo,ele pode até deixar de ser deficiente na concepção do outro mas "aceitá-lo" deficiente e com capacidade de "empoderamento" é difícil para uma sociedade que ainda caminha para um entendimento sobre a inclusão de pessoas com deficiência e qual seria o "Poder" desse deficiente na sociedade contemporãnea. Claro que isso é uma opinião pessoal e de vivência profissional.O que pensa?

[Glaucia]

Boa tarde pessoal!
Me chamou muito a atenção a questão da reflexividade apresentada no texto. É interessante perceber como o meio e os sujeitos se interagem em relações de poder que por sua vez repercutem na conformação e re-conformação de identidades.
Quando a autora apresenta o desejo como "força motriz", intriga-me que justamente ela utiliza do desejo atrelado ao discurso das desigualdades... Fortalecendo o pensamento Foucaultiano de que o poder é próprio do ser humano, independente do lugar que ocupa (considerando, claro, não haver uma relação de dominação).
Pelo desejo, que tem implicações sobre as relações de poder, o sujeito e a sociedade se reconstroem permanentemente conforme foi "desejada" pelo seus sujeitos.
Entendo que é uma construção que acontece metaforicamente à imagem de um rio, que tem seu caminho, seu meio, sua força, mas que ao mesmo tempo recebe às impressões dos locais por onde passa, e se remodela nesta interação.

[elainearaujos]

Ola pessoal, muito interessante as abordagens com os diversos pontos de vista. Achei interessante a colocação do Antonio quando ele coloca a cadeirante se mudando de cidade como sucumbindo a resistencia e aceitando os poderes emanados dos discursos da sociedade, me fez pensar Antonio pois não tinha "enxergado" essa posição.
Outra colocação interessante foi da colega que enviou por email por não conseguir postar aqui (não consegui recuperar o email), lá ela fala da dificuldade de entender o significado de agencia que a autora fala. Fiquei pensando que também achei estranha a colocação desse termo e por que esse termo? Lembrei do estruturalismo em que está impregnado em nós um significado único para a palavra agencia, dificultando assim nosso entendimento do que Butler fala. Uma forma que consegui entender um pouquinho foi esvaziar-me do significado de agencia (não deu muito certo), então substituí por uma palavra desconhecida "shila". Após entender essa força que motiva a mudança, pude voltar para a palavra "agencia" da escritora.

[Patrícia Leite]

Olá Pessoal!
Só hoje tive tempo para entrar no Fórum e fiquei muito motivada com as contribuições de todos.

Bom, li o texto e vi o filme. Achei o texto meio denso, mas o vídeo deixa as ideias mais claras e ajuda muito.
As contribuições dos colegas também foram primordiais para o entendimento.

A autora traz o desejo como a força que nos impulsiona à gerar/produzir mudanças no meio que estamos, e trazer a deficiência no vídeo me fez refletir no meu meio de trabalho, onde todos os pacientes possuem algum tipo de deficiência, porém aqueles que não apresentam alterações cognitivas, ou que essas não são evidentes, dizem não se encaixar nesse meio, mas quando se deparam com algum tipo de limitação, por menor que seja, eles tratam de superar o obstáculo. O mais interessante é o poder que eles têm sobre os que querem se deixar vencer pela sua atual condição.

Mas o que devemos levar em consideração é que deve "ser fácil" ser deficiente num ambiente onde a maioria enfrenta as mesmas dificuldades, já ser deficiente numa sociedade que ainda batalha pela inclusão, deve ser como matar um leão por dia, pois como o Wesley colocou, essas pessoas são vistas como incapazes, inclusive até de expor seus "desejos".

Outro ponto que me veio à mente enquanto via o filme e lia o texto, foi o do modelo de mulher que a sociedade impõe. Recentemente teve o "boom" sobre a matéria da revista Veja, que colocou o modelo "bela, recatada e do lar" como o aceito pela sociedade.
E a resposta a isso, veio através das redes sociais, que mostraram outros modelos de mulheres, que por desejo resolveram mudar seus destinos, mas que nem por isso deixam de ser menos mulheres do que as recatadas que optaram por cuidar do lar e dos maridos.
As que resistiram ao modelo hegemônico, arcam com as consequências de uma vida completamente diferente, mas muitas escreveram, ou estão escrevendo, seus nomes na história.
 
Não sei se seria loucura demais imaginar uma mulher no estilo Hellen Keller nos dias atuais.
Acho que seria de deixar Butler very proud e de render um debate incrível!

[ANA RENATA]

Pessoal hoje que fui me inteirar deste processo aqui também!
muitaa coisa pra ler, mas também muito interessante os pontos de vista complementares.

A idéia do ativismo da mulher contemporânea me prendeu muito nas  reflexões (talvez por ser meu objeto de estudo e por mobilizar meus desejos). Gostei muito da postagem de Carolina. Também percebo assim essas conquistas das mulheres e é super interessante perceber essas possibilidades pelo ponto de vista de Butler, considerar o Desejo.

Apesar de já vir estudando Foucault há algum tempo (pouquissimo inclusive) não conhecia a teoria de Butler. Tento trabalhar um pouco com o cuidado de si foucaultiano que também caminha por este percurso de "formas de escape encontradas pelo sujeito", essa visão de subjetividades, ética e liberdade. Mas Butler me apresenta um campo novo. Pena que Foucault não viveu mais, quão interessante seria um debate entre os dois. Mas é muito instigante perceber pelo ponto de vista, especialmente do feminismo e gênero, a progressão a partir de conceitos que Foucault não teve tempo para facilitar nossa vida!!

Após ver o vídeo e ler o texto me marca muito a questão de que o contexto social é extremamente importante para as possibilidades de romper e impulsionar mudanças (sujeito como lugar da agência e não fonte) - por isso penso que ser cadeirante em Belo Horizonte realmente é diferente de ser cadeirante em San Francisco.  
Outra idéia fantástica pra mim é pensar na regulação dos nossos desejos e consequentemente da agência, pela sociedade atual. Me vejo sendo, desde pequena, desestimulada a refletir sobre política "política e religião não se discutem" e agora me vejo implicada nestas discussões, muito pelo contexto da universidade. Penso que o desejo foi sim reprimido!!
Por fim, me afeta profundamente a idéia de pensar no desejo compartilhado, apresentado nas considerações finais do texto. Vislumbro aí o caminho para algumas mudanças fundamentais que vem ocorrendo (como as conquistas femininas) e de outras e estas que sempre tem campo para avançar. Afinal como fala no filme "um corpo eficiente não significa autossuficiente", longe disso né?!!
Em desejo compartilhado me lembro de uma música que amoooo! É uma música bem idealista mas que me conforta por pensar que o mundo pode ser melhor, não sem poder, isso é inconcebível mas com um pouco mais de respeito, com desejos compartilhados e agenciamentos diários!! Se a música não for muito coerente com Foucault e Butler (posso estar viajando rs) ao menos é lindaa, um clássico e ajuda a ter esperanças no atual contexto brasileiro. Bom final de semana!

[Mara Martins Ribeiro]

Boa noite colegas,
Gostei muito das contribuições de todos!
Fazendo a leitura do artigo e a conexão com o vídeo, é notório como as regras impostas pela sociedade estão presentes no nosso cotidiano e que se reforçam nos discursos.
O ato de andar nos remete a levantar e utilizar as pernas, os pés para que possamos nos locomover e ela rompe com essa verdade que legitimamos pelos nossos discursos. As estratégias utilizadas pela cadeirante para conseguir levar uma vida “normal” ou dentro dos parâmetros esperados pela sociedade, demonstra como o desejo está imbricado nesse processo de superação.
Butler fala que “o desejo aparece como a condição da possibilidade da consciência reflexiva, pois, sem ele, a consciência não poderia superar os limites”.
Percebe-se como essas superações/limitações trouxeram uma nova construção da sua subjetividade. A autora coloca que o sujeito encontra as suas próprias possibilidades de subjetivação, construindo estratégias de resistência ou de subversão aos mandatos sociais que o limitam.
A deficiência dela não implica apenas numa limitação física mas também social, mas que ela consegui driblá-los mesmo havendo espaços de muita exclusão.
Assim espero ter contribuído um pouco com as discussões e também para a nossa experiência pessoal e profissional.
Abraços.

[Mara Martins Ribeiro]

Ana Renata,

Concordo quando voce diz que o contexto social é importante para romper e impulsionar mudanças. Como viveria essa cadeirante aqui em nosso municipio? As condições sociais não favorece que esse sujeito transite pelos espaços públicos, ou até mesmo na acessibilidade aos serviços. Traduzindo para a saúde, não estamos preparados para lidar com o diferente. Precisamos muito repensar as nossa práticas e também nas nossas verdades constituídas através daquilo que legitimamos....vale a pena refletir!!!

[Cecília Cardoso]

Olá Pessoal!!!

Achando muito bacana as discussões propostas!! O vídeo e o texto são muito bons realmente e, nos remetem a varias situações do nosso cotidiano.

Fiquei pensando sobre a discussão que tivemos na nossa última aula sobre VISIBILIDADE- e aquela questão sobre ser um jogo de luz e sombra.

Penso que o vídeo principalmente, esclarece bem essa questão, e concordo com a Ana Renata quando ela diz: me marca muito a questão de que o contexto social é extremamente importante para as possibilidades de romper e impulsionar mudanças (sujeito como lugar da agência e não fonte) - por isso penso que ser cadeirante em Belo Horizonte realmente é diferente de ser cadeirante em San Francisco.

E aí, fico pensando se o fato de mudar para outra cidade seja realmente uma estratégia de resistência?? (assim como o Antônio já propôs). Acredito que para se tornar visível e passível de mudanças, a questão deve ser discutida, refletida, enfrentada.

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