A configurações das práticas de poder
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Fórum Virtual da Disciplina Configurações das Práticas de Poder na Saúde.

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Mensagem por Carla Arcebispo Ter Jun 14, 2016 11:41 pm

Oi pessoal! Que mosaico de opiniões interessante... Concordo com alguns colegas quando disseram que o texto foi denso e que o vídeo tornou a interpretação mais clara, porém alguns trechos do texto me marcaram muito, dentre eles destaco o seguinte: "Nenhum indivíduo se torna sujeito sem padecer ou experimentar a própria subordinação, já que é dentro dela que se encontra a possibilidade da potência, pela qual ele ressignifica as suas práticas e experiências". Diante desta frase e do vídeo proposto pelas professoras eu trago um novo vídeo (abaixo) para contribuir ainda mais com nossa discussão... Tendo como ponto de partida algumas atitudes da protagonista do vídeo exposto no fórum acredito que ela experimentou sua própria subordinação quando se deparou com dificuldades de locomoção na sua cidade de origem, quando encontrou dificuldades para auxílio em necessidades básicas e quando se deparou com o "individualismo social". Surgindo daí a potência necessária para ressignificar sua vida. Se ela não tivesse passado por todas essas situações e não tivesse se questionado, não tivesse se inquietado, desconstruindo o corpo restrito ao rótulo "artogripose" e mobilizado sua agência, entendida por Butler como resistência e capacidade de ação política ela estaria na posição que está apresentada no vídeo? Todo o movimento que ela faz surgiu no instante que ela dispôs a lutar e a encarar a deficiência como uma construção política como uma reflexão sobre o que o corpo e até onde o corpo pode ir quando se tem resistência, potência e capacidade de ação política. A atitude da protagonista reflete também a atitude dos movimentos feministas, umas vez que, após uma situação inquietante se rompe barreiras e busca-se o ressignificado para uma vida! A leitura de Butler me permite lançar um novo olhar sobre a leitura de Foucault, pois, acredito que os conceitos desta autora complementam e supre uma lacuna deixada por Foucault. Um trecho que deixa claro essa ideia é abordagem que ela faz sobre a relação sujeito-poder, para a autora o “Poder é simultaneamente externo ao sujeito e à própria força que rege o sujeito. O que podemos ver claramente no vídeo proposto neste fórum e no vídeo que eu trouxe para a discussão (abaixo) e assim finalizo com o seguinte questionamento: Se segundo Butler "nascemos em um mundo no qual certas limitações tornam-se a possibilidade da condição de sujeito" que tipo de poder o corpo exerce diante do indivíduo e da sociedade que em certas situações pode ser um fator positivo e em outras situações pode causar ameaça? Deixo o vídeo abaixo exemplificar o que pra mim pode ser uma situação positiva do poder do corpo...




Carla Arcebispo

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Mensagem por lazaro.f Qua Jun 15, 2016 10:36 am

Bom dia, turma!

Muito interessante mesmo a relação do texto com o vídeo. Como se diz a amiga Mara, é visível o quanto a sociedade nos impõem regras e estas reforçam ainda mais o nosso discurso sobre algo.
Atento-me para algumas observações na filmagem do vídeo, onde todo o foco se direciona para os pés, para o caminhar, nas rampas, na acessibilidade, várias pessoas deficientes e até mesmo a entrevistadora Judith Butler entrevista uma cadeirante caminhando pelas ruas de Sao Francisco, quebrando um pouco este paradigma de que pessoas deficientes não são capazes de viver uma vida "normal" em uma sociedade. Uma fala muito interessante dita pela cadeirante no filme foi: “na maioria das vezes os próprios cadeirantes se sentem socialmente deficientes”, o que no seu caso, não é um fato. Ela realmente precisa dessa relação de interdependência, da ajuda das pessoas e ela não tem vergonha por isso. No contexto em que ela vive, isso a deixa mais forte e capaz de seguir em frente, ou seja, naquela cidade, ela detém de um certo poder em relação ao que as pessoas veem, pensam e agem. Na verdade, a própria cidade de São Francisco possibilita uma vida mais ativa aos cadeirantes, o que facilita o seu dia-a-dia. O comportamento das pessoas, a acessibilidade, ou seja, em vários momentos os cadeirantes se sentem capaz de fazer qualquer atividade que uma pessoa não deficiente faria, diferente no Brasil, onde os cadeirantes mal saem de casa, pois se sentem incapazes de realizar algo. A força da cadeirante a impulsiona a produzir mudanças no meio em que ela vive.
Um grande psicólogo chamado Skinner, mencionou em uma de suas obras que o discurso pode ser classificado em comportamentos verbais, ainda sendo subdivididos em comportamento de "mando", "ecóico", "intraverbal" e de "tato". Durante o vídeo, a cadeirante deixa evidente esse seu comportamento verbal de mando em seu "discurso". Sua atitude seria seu discurso, evidenciado pela sua capacidade, seu posicionamento social, a forma como lidar com as dificuldades, isso tudo a empodera. Na cafeteria, quando ela solicita um café e as pessoas a ajudam a tomar, nas lojas onde as pessoas a ajudam a vestir. Essa relação de interdependência faz com que ela detenha de certo “poder”, deixando de lado todo o preconceito existente
Uma pergunta feita pela Judith à cadeirante nos faz refletir: “Você se sente livre para se mover de todas as formas que você gostaria de se mover?” A cadeirante afirmou que sim, que ela realmente é capaz de fazer tudo que ela quer.


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Mensagem por Admin Qua Jun 15, 2016 11:17 am

Resposta da Livia de Napoli:

Boa noite a todos!
Consegui entrar no Fórum apenas essa semana. Vejo que tem discussões bem interessantes. Fiquei refletindo em várias situações do meu cotidiano e o quanto estamos inseridos neste processo e como reproduzimos o discurso que está posto. Confesso que me senti um pouco culpada. Hahaha... Mas meu alívio é saber que vou sair dessa disciplina com outra visão e uma reflexão mais crítica da “vida”.
Bom, assistindo o vídeo “Examined life” e durante a leitura do texto ”Sujeito e agência no pensamento de Judith Butler" remeti a uma vivencia que tive e, após muita reflexão, consigo olhar para situação sob outra ótica. Gostaria de compartilha-la com vocês:
Tenho uma prima, um pouco mais nova do que eu, que é deficiente auditiva e que resolveu fazer graduação em enfermagem. Na época eu já estava inserida na universidade e ela perguntou sobre o curso, como era etc. No momento que conversamos dei todo apoio a ela e ela passou no vestibular para enfermagem. Após o ocorrido sempre me questionava e conversava muito com a mãe dela sobre como ela iria exercer a profissão, já que o enfermeiro tem que ter contato direto com as pessoas e o fato de escutar e verbalizar é essencial para a prática da enfermagem. Pensava como ela iria lidar com isso no cotidiano de trabalho. O fato dela se comunicar “normalmente” (e nisso usamos o discurso de que para comunicar é necessário escutar e falar, assim como a colega Diene refere que para caminhar é necessário andar, no sentido de caminhar) no dia a dia dela não cessava minha preocupação com ela inserida na profissão. Sempre pensava: ela vai trabalhar em auditoria ou algum serviço mais burocrático que necessite tanto de uma comunicação direta (preconceito pesado). No final ela se formou e foi para o mercado de trabalho. Como previsto, seu primeiro emprego foi em na área administrativa na auditoria de um hospital. Não satisfeita, ela queria ir para a assistência, participou de um processo seletivo para residência em urgência e emergência e passou nas vagas destinadas para deficientes. E aí acompanhei de perto todo esse processo de posse e a trajetória na residência.
O dia de levar os documentos, os profissionais do hospital ao se depararem com a deficiência dela tiveram o mesmo pensamento que o meu: como ela iria colocar em prática seu saber se ela não escutava e não falava? Presenciei uma cena em que todos os profissionais do setor da urgência e emergência reuniram em uma sala com ela para tentar convence-la a não tomar posse. No momento senti junto a ela essa repressão, esse preconceito (tomei as dores dela naquele momento). Hoje, pensando nesta situação, reflito sobre o que a autora discute sobre a conformação e re-conformação de identidades do sujeito. Naquele momento o discurso da equipe de saúde é que ela não daria conta da residência pela sua deficiência, e ela, em meio aquela relação que se estabelecia naquela sala, se re-conformou na condição de deficiente (não como uma enfermeira que seria capaz de assumir uma residência) para conseguir tomar posse. O fato de ela ser enfermeira não foi considerado em nenhum momento e sim uma deficiente assumir o cargo. Utilizando desse discurso (e claro, pela imensa vontade de ingressar na residência) ela conseguiu assumir a vaga uma vez que seu direito estava legitimado. Pensando nessa situação, me remeti a analogia que a Elaine fez com o pêndulo. Naquela situação houve uma oscilação de poder, onde o discurso produzido pelos profissionais da saúde era um discurso posto, massificado, e que, em algum momento estava predominando a discussão. Entretanto, minha prima utilizou da resistência, sem desfazer das estruturas de poder que estava ali posta, e que era um discurso que ela presenciou em todos os momentos de sua vida, e por meio das suas construções subjetivas, pela vivencia cotidiana como deficiente, utilizou o que lhe era legitimado para conseguir assumir o cargo. Hoje eu consigo enxergar essa oscilação de poder que constava naquela sala. O que antes eu achava ser um estado de dominação sob minha prima, hoje, consigo perceber as relações de poder que se estabeleciam naquele momento.
São muitas situações que posso refletir, que não caberia neste fórum. Hehe... Mas no final ela conseguiu finalizar a residência driblando as dificuldades em seu cotidiano cotidiano. Ao final da residência ela ganhou o título de melhor residente multiprofissional e todos relataram que aprenderam muito no convívio com ela.
Hoje, depois de “muita conversa com ela” (que é difícil explicar, por que não é uma conversa verbal por que ela não fala), depois de “escutar” o que ela vivenciou (mas eu a não escuto, por que ela não fala), percebo que ela desenvolveu diversas habilidades e saberes que apenas na condição dela, de deficiente auditiva, foi possível desenvolver. E agora eu me questiono: será que o nosso saber é a única verdade? O saber da enfermagem, da nossa pratica diária, o que achamos que é necessário para exercer a nossa profissão, será que apenas isso nos basta?
Viajei um pouco nesse final! Mas são questionamentos que temos que fazer no nosso dia a dia!

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Mensagem por Admin Qua Jun 15, 2016 11:25 am

Resposta da Lilian

Caros colegas, estou com algum problema para enviar mensagem via fórum, então resolvi postar meu esquema que elaborei depois de assistir o filme e da leitura do texto.

Espero que compreendam o meu entendimento a partir desse resumo, coloquei o que realmente entendi, e concordo com os colegas em seus comentários colocados no fórum que é realmente no discurso que estabelecem as relações de poder, e também, vão ao encontro com as aulas onde sempre falamos do sabre o saber do sujeito nas relações de poder e esse saber está presente no discurso.

Depois que li a postagem de Elaine, Yara, Aline e Ana Carolina pensei um pouco mais sobre a denominação "agência" que a princípio causou-me uma certa estranheza.

E, professora realmente não sei se consegui a essência do pensamento sobre o sujeito, o discurso e esses no processo nas relações de poder.

Estudar as relações de poder parece algo simples, quando pensamos no saber e no discurso do sujeito (quer dizer: só tem o conhecimento e o discurso) o qual se constitui nas interações sociais, ou não? todavia, muito complexo quando pensa-se em sujeitos limitados e com possibilidades de se opor, de resistir e de (re)significar, o quê? o próprio ser? o próprio saber?. Parece que precisa uma mente inovada e que consiga ir além do próprio discurso, muito complexo pensar isso.

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Mensagem por Admin Qua Jun 15, 2016 11:26 am

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Mensagem por lazaro.f Qua Jun 15, 2016 3:36 pm

Oi Livia... Adorei o relato!!! Às vezes me perco viajando assim, mas são nessas "viagens" que a vamos conhecendo mais!!!

lazaro.f

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